Minha poesia é a vida
meu poetizar é viver
se não vivo, não suspiro
se não suspiro não penso
e no sepulcro estou e de lá
meu caro vivente não posso emitir
minhas vivas letras poemáticas
minha fala é a vida
se me enterrar
poderá não ouvir-me
falar por ai nem mesmo
rimar ou questionar
com as combinações matrimoniais
de minhas palavras
meu poema é o casamento de minhas
rimas e de meus verbos que vitam
vitalmente o berro sobre a morte
que mortos não querem estar
meu poema é a vida
deixem-me nascer para chorar sentir
e prazeirar, sem vida não há gozo
nem praia ou mar
sem vida nada há
nada é e nada será
que coisa burra é viver a morte
que coisa linda e parruda é
buscar a vida num instante da vida
e não querer sair do viver
é safo arder-se que outro viva
sem matá-lo ou impedi-lo de ser
um respirante e aspirante do nascer
hoje vivo a vida
e mesmo com palavras absurdas
e particulares, num momento em que se mata
nos lares e nos governos e ONUs escandalares
vou gritando e acenando que
sou um poeta da vida
mesmo com poucas vírgulas
ou pontos, vou compondo e fazendo pontes...
se minha poesia não bater na
cara da morte, por favor mate-a.
Nenhum comentário:
Postar um comentário