quinta-feira, 26 de abril de 2012

Invenção de palavras

se invento palavras
e as solto
são soltas, mas me cercam
me nelas envolto
e sempre que vou
parece que volto

então nunca vou ou vôo
pois delas nunca saio
e delas não alço
são o lago que estou mergulhado
e todo molhado

solto palavras ao vento
se invento, são meus
os destemperos do tempo, sou 
sem sal e sem coentro,
cheio de cataporas, 
remelento e catarrento

mas envolvo-me numas
vestimentas claras
como num ovo
sendo protetor e revestido
por uma liberdade
que posso alçar

volverei sempre
em palavras que 
podem me envolver
com liberdade de poder
dizer ao vento

soltarei ao vento
o que sou: solto,
livre, atirador e atacante.
palavra impactante
que derruba o elefante
branco da canalhice

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Teol da Libert


Descobri alguém que me 'ama'
melhor que me adora

Sou pobre, dêem-me pão
para fechar minha boca
e que eu não venha de boca
cheia reclamar ou clamar

sou pobre sô! venham e me adorem,
fixem em mim seu olhar,
não olhem mais nada,
joguem a cruz no chão

sou seu maior valor,
usem-me para rasgar a Palavra,
deixem só o Rei e usem
minha pobreza

mas por favor, não me
deixem ser rico, pois
se assim for não me adorarão
e o que quero é ganhar
adoração e pão

dêem-me um pedaço de Bofe
de boi, isto serve bem
quero um pouco de freijão
Betão meu amigo vou indicar-lhes
ele adora Maxkal lentilha

meu sorriso desdentado
não importa se coração acorrentado,
não tenho alma,
discurso pela fome
aquece e acalma

a fome é de uma só pista,
despista e esquece
a conquista espiritual,
não quero liberdade,
vamos somente mastigar

a Teó será perene
porque pobres sempre terão,
cuidem deste pobre
que ninguém vê

dê a ele terra e tome o Céu,
ame amarrando-o
sou pobre e lascado
pior se pela Teó
amparado

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Cai e espalha


o copo cai, espatifa e vira cacos,
é de vidro, é fraco.
ao ponto de espalhar

espanta ou não é de espantar?
quebrou por tão fraco ser,
meu objeto desassegurou de
minhas palmas

meus dedos se abriram,
desgarraram como alicate
velho, o fraco cérebro
ordenou meu braço
para soltar 

cai, caiu, caímos.
quando se cai, os cacos
se espalham, as dores se concentram
mas espalham 
notícias de que existe

os olhos dos outros
dizem sem ter visto,
o Mal bate palmas, por que odeia-me.
caí dando minha cara
as palmas que me doeram

o grave do cair
vem da gravidade que puxa
gravemente para o solo
onde rasteja e come poeira
o animal que é caído

o corpo cai, se espalha,
notícia ruim espalha fácil.
quando caio com um calhau
que me acertaram, nem me 
ajudaram mas meus erros
espalharam

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Coisas novas, que bom!

Se não fossem as coisas novas
a cada momento,
que tédio seria!

Ufa! que bom que outros
existem, que alívio
não ser apenas eu por aqui

Falem diferente, com 
outros sotaques, sons
e idiomas

Que bom outras cores,
cheiros e maneiras,
que bom outras histórias

O mundo é grande,
as águas levam e trazem,
as nuvens se movem e o vento
faz voar e levar

tão bons são os raios fortes 
e seus trovões,
as tempestades e as inundações,
os vulcões e as enxurradas

o novo vem e tudo paira,
o novo arrasa o velho,
a vida é nova,
a morte é velha

a mesmice não acorrenta,
o mundo de novos a ocorrer,
os pais engravidam,
os grávidos parturiam,
os novos filhos nascem

novas pessoas, novos outros
que enchem meu mundo
de algo novo e matam
o que não se mexe

viva a vida!
viva o novo!
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