Por Rodrigo Gurgel
Certos escritores insistem na idéia de que o ato de narrar tem algo de místico.
Já falei aqui sobre autores que se dizem dominados por suas personagens. Mas há também aqueles que afirmam não escolher suas próprias histórias: “Elas se impõem”, falam alguns, como se narrativas surgissem do nada ou fossem desfiadas por um gênio semelhante à criança que, sem saber o que faz, puxa o fio de um novelo.
É evidente que há uma base de intuição no processo criativo — mas é também evidente que, dentre as várias histórias possíveis, a escolha de uma em especial obedece a determinado conjunto de auto-imposições: ninguém, em sã consciência, decide escrever sobre o que desconhece ou não pesquisou.
Um autor não precisa ter a experiência de Joseph Conrad para escrever aventuras marítimas, mas será obrigado, como Patrick O’Brian, por exemplo, a fazer minuciosas pesquisas, consultar especialistas, viajar. (Leiam a entrevista de O’Brian na Paris Review.)
E não bastam apenas pesquisas. Devemos pensar no planejamento que uma obra requer — para evitar incongruências, absurdos.
Hoje, quando qualquer conto ampliado recebe o nome de “romance”, o planejamento tem merecido o menosprezo de alguns supostos experts e de muitos escritores.
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Fonte: Rodrigo Gurgel
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