sábado, 4 de junho de 2011

Não sou eu

Entraram sem pedir
enganei-me achando que era meu este recinto
pra que tantas armas e coturnos
nem bom dia falaram
caras amarradas e armas penduradas
empurrões e gestos brutos
não escutam meus sins e nem meus nãos
desprezam e humilham


isto não é muito pra mim
sol e cansaço sou acostumado
o tempo me faz sofrer
a falta me prepara todos os dias
o que me dói são as lágrimas dos meus
estão presenciando a brutalidade
não dói sofrer
o que dói e sofrer sem porque


aqui se amanhece em paz
faz quatro décadas
sorrir faz parte dos meus impulsos
sou rude e responsável
não faço mal
sou filho
sou pai
sou irmão
amo e tenho sentimentos
sou amado
trabalho e espero um bom futuro


não machuque os meus
evitem suas lágrimas
trabalhem de outra forma
quando chegar o momento verão quem sou
reviraram tudo e viram que não sou eu
espero que arrumem, mas deixa pra lá
é coisa do meu coração e de como fui criado
não abro sem depois fechar


não pertenço ao meio
trabalho e respeito
mas os meus choram
sentem minha falta
não dormem
alguém os acolha por favor
com seu poder e tamanho poderiam ajudá-los
não posso, não sou permitido
os limites deste ambiente e o gelo das canetas impedem


tenho alma
tenho que cuidar dos meus
há dores, sou amado
sentem muito a minha falta
quero dizer que estou sofrendo a distância
não façam isto
pois não sei sofrer
não me ensinaram
fui feito para sorrir e alegrar
tenho apelidos
são engraçados


sou desengonçado e muito sério
quero tudo alinhado
mas me confundiram
sei disto
sou o segundo a saber
o primeiro foi o meu Senhor
se o homem não livrar as pedras o farão
mas nEle eu sou livre


juntei-me ao sofrimento do Senhor
um Justo julgado como ladrão
mas sorriam
lágrimas são difíceis e se contam
sorriso não se mede
basta o mínimo para ser e valer
suscitará em todos um grande regozijo
provocará uma imensa alegria
quando me verem farão uma grande festa
o retorno é sempre glorioso

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